A Revista Brasileira de Literatura Comparada, da Abralic, dedicou um número ao tema “Estudos de literatura brasileira no exterior”, com o objetivo de discutir as diferentes perspectivas de ensino e pesquisa de nossa literatura fora do país. A edição conta com artigos dos mapeados Lígia Chiappini, Ferenc Pál, Florencia Garramuño e Rita Godet, além de contribuições de outros estudiosos da literatura brasileira no exterior, como a do machadiano Abel Barros Baptista e a do professor da Universidade de Tulane Idelber Avelar. O volume traz ainda relatos de Érica Rodrigues Fontes e Heloísa Pait sobre suas experiências como professoras de literatura brasileira nos Estados Unidos.

Lígia Chiappini – que ocupou por quase quinze anos a cátedra de brasilianística da Universidade Livre de Berlim – discute a situação dos estudos de língua, literatura e cultura brasileiras na Alemanha. A autora sugere que a interrupção dessa experiência, a partir de 2010, confirmaria que a literatura brasileira não desperta no público alemão o mesmo interesse demonstrado pelo Brasil.

Ferenc Pál apresenta várias etapas da recepção da literatura brasileira na Hungria. Sustenta que as relações entre húngaros e brasileiros, iniciadas no século XVII, teriam criado naquele país uma imagem do país que não corresponde à encontrada na literatura brasileira moderna.

Florencia Garramuño parte de um balanço do I Encontro Conexões Itaú Cultural (ocorrido em dezembro de 2008, em São Paulo) para discutir diferentes momentos da difusão da literatura brasileira na Argentina. Propõe que a difusão da literatura brasileira seja pensada à luz de outras literaturas, ou seja, que as identidades de certa literatura sejam procuradas em sua relação com outras literaturas.

Rita Godet analisa a representação do ameríndio na literatura brasileira a partir da leitura de dois romances: Orfãos do Eldorado (2008), de Milton Hatoum, e Nove noites (2001), de Bernardo Carvalho.