Inventividade formal e liberdade criativa com a linguagem: características da literatura brasileira contemporânea
em 10/05/2010

Rita Olivieri Godet é professora da Université Rennes 2, na França. Mapeada pelo Conexões, Rita destaca a inventividade em termos formais da literatura brasileira contemporânea como um dos traços de originalidade diante das demais literaturas.
“Temos uma sensibilidade original que nos faz descobrir o mundo por outros ângulos, e o fato de estar ancorada numa cultura heterogênea, assim como a pluralidade de temas e formas de interpretá-los nos dá uma relação de liberdade criativa com a linguagem que só excepcionalmente encontramos em escritores de outros países.”

Rita Godet é professora titular de Literatura brasileira na universidade francesa e trabalha atualmente com as relações literárias interamericanas, particularmente a representação dos povos indígenas. Nessa perspectiva de pesquisa tem estudados autores como Nestor Ponce, Leopoldo Brizuela, Juan José Saer, Robert Lalonde, Gerard Bouchard e os brasileiros Milton Hatoum, Antonio Torres, Murilo Carvalho, Darcy Ribeiro, Joaõ Ubaldo Ribeiro e Antonio Callado.

Observando o panorama da difusão da língua e da literatura brasileira a partir de sua posição na universidade francesa, Rita assinala que “a França perdeu o interesse em diversificar o ensino das línguas estrangeiras além do inglês e do espanhol. Este fato conjugado com o investimento zero do governo brasileiro na divulgação de sua cultura é catastrófico. O português é considerado “língua rara”, o que é um absurdo, mas mostra também que não há nenhuma campanha de divulgação no sentido contrário. Convencer do contrário exige realmente uma política cultural dinâmica que mostre inclusive as conexões com o potencial do espaço econômico que o Brasil e a África lusófona também representam. Naturalmente os franceses se sentem atraídos pelo Brasil, o governo francês tem interesses econômicos, o que falta é uma política cultural para divulgar a cultura brasileira no exterior.”

Como grande parte dos “mapeados” europeus, Rita Godet observa de perto a atividade do governo português na difusão do idioma e da sua literatura. “Portugal tem Instituições como o Instituto Camões ou a Fundação Calouste Gulbenkian que promovem a literatura e a cultura portuguesa no exterior , inclusive na França. Um país do porte do Brasil não oferece nada. Quem trabalha com cultura e literatura brasileiras na França e no exterior encontra-se completamente isolado. Quando temos a sorte de integrarmos uma instituição universitária é preciso brigar por espaço, disputar as possibilidades de publicação, num meio que desconhece a importância da produção literária brasileira. O objetivo é divulgar, fazer conhecer, convidar escritores, etc, mas para isso não dispomos de NENHUM AUXILIO do governo brasileiro.”

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