Fávio Moura, curador da Festa Literária de Paraty informou, em entrevista, que este ano haverá uma mesa redonda especialmente dedicada à presença da literatura brasileira na França. O evento faz parte das comemoração do Ano da França no Brasil e também está relacionado com a constriuição que a FLIP possa dar para a divulgação da literatura brasileira no exterior. Veja a seguir a íntegra da entrevista dada por Flávio Moura: 1) Como você acha que a Flip tem ajudado na divulgação da literatura brasileira no exterior? Acho que ajuda bastante, mas de maneira indireta. É grande durante o evento a concentração de editores e agentes estrangeiros. Nem sempre isso se reverte em compra de direitos de autores nacionais, mas mantém o país na mira. A boa repercussão que a Flip consegue fora do país, sobretudo nos EUA e na Inglaterra, contribui para despertar o interesse sobre a produção brasileira — um país que promove um evento desse porte em torno dos livros há de ter uma relação especial com eles. Claro que ainda há muito a caminhar, mas acho que esses pontos são verdadeiros e fazem diferença. Não custa lembrar que a Flip foi idealizada pela Liz Calder, editora na Inglaterra de Rubem Fonseca e Chico Buarque, entre diversos outros, e uma grande entusiasta dos autores brasileiros. 2) Você acha que pode haver um esforço maior – ou mais consistente – para que a presença de autores estrangeiros no Brasil ajude na divulgação da nossa literatura em seus países? Acho que sim. Concordo que um evento do porte da Flip tem de ter essa perspectiva no horizonte. Algumas iniciativas em parceria com festivais da América Latina e da Europa estão em marcha (prêmios literários, mesas itinerantes, ajudas para tradução), mas estão ainda em fase de estudo e também têm alcance limitado. O que tenho sentido, a partir da relação com órgãos públicos de outros países voltados para a promoção de suas literaturas, é que o fundamental é destinar fundos para a tradução de autores brasileiros fora do país e fazer um trabalho intenso junto às editoras de lá. Os franceses fazem isso. Os alemães fazem isso. Os holandeses fazem isso. Concordo que os eventos podem fazer mais, mas o ponto de partida me parece que são iniciativas dessa ordem. 3) Quais as perspectivas deste ano em relação a esse tema? Além dos editores e agentes estrangeiros que vêm por conta própria, e muitos vêm, conseguimos negociar a vinda de duas figuras importantes do meio editorial francês: Françoise Nyssen, da Actes Sud, e Anne-Solange Noble, da Galimmard. Vamos organizar na Casa da Cultura uma mesa redonda com as duas para debater a presença da literatura brasileira na França. Claro que ainda é muito pouco, mas é a primeira vez que o tema é abordado de forma direta na Flip. Espero que isso possa frutificar nos próximos anos.
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