Dois duros golpes na literatura brasileira
em 01/03/2011

A literatura brasileira sofreu duas perdas profundas neste fim de semana, com o falecimento do escritor gaúcho Moacyr Scliar e do filósofo e ensaísta paraense Benedito Nunes.

Scliar estava internado desde o dia 11 de janeiro para cirurgia de extração de tumores no intestino, quando sofreu uma série de complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral no dia 17. Benedito Nunes estava hospitalizado havia 10 dias, e não resistiu a uma hemorragia no estômago na noite do sábado.

Nesta postagem, Conexões homenageia Moacyr Scliar com uma seleção de trechos de entrevistas e de leituras de contos retiradas dos arquivos do programa Jogo de Ideias, do Itaú Cultural. Em memória de Benedito Nunes, disponibilizamos um texto do pensador apresentado com exclusividade ao instituto, lido pelo filósofo na abertura do Colóquio Rumos Literatura, em 2007. O texto, espécie de formação do crítico por ele mesmo, pode ser acessado clicando aqui.

Sem jamais deixar de atuar na medicina, sua área de formação, Moacyr Scliar manteve uma intensa atividade literária por quase 50 anos, tendo deixado mais de 80 livros, entre romances, coletâneas de contos, crônicas e ensaios, e obras de literatura infantil.

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003, Scliar teve diversos romances premiados, entre os quais O Centauro no Jardim, de 1980, vencedor do prêmio de literatura da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), e os vencedores do Jabuti Manual da paixão solitária (livro do ano em 2009), Sonhos tropicais (1993) e A mulher que escreveu a Bíblia (2000), premiados na categoria de melhor romance, e O olho enigmático (melhor livro de contos em 1988). Também teve diversas obras adaptadas para cinema, teatro, rádio e TV, e dezenas de edições no exterior.

Conhecido por seus comentários a Heidegger, Benedito Nunes foi o criador do curso de filosofia na Universidade Federal do Pará (UFPA), em 1961. Aluno de Paul Ricoeur e Maurice Merleau-Ponty na Sorbonne e no Collège de France, seu livro Introdução à Filosofia da Arte, de 1966, marca o início de sua dedicação de uma vida inteira aos estudos estéticos.

Professor de literatura brasileira na Universidade de Rennes, França, nos anos 60, escreveu sobre alguns nomes fundamentais de nossas letras, como Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Mário Faustino e Clarice Lispector. Em 2010, o filósofo recebeu um prêmio Jabuti pelo livro A clave do poético, e o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

Confira abaixo uma seleção de vídeos de Moacyr Scliar.

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