Um dos mais divertidos, radicais e idiossincráticos escritores brasileiros do século XX está de volta: o romancista, ensaísta e cronista mineiro Campos de Carvalho (1916 – 1998) tem quatro de suas obras relançadas pela editora José Olympio, quatro ótimas pedidas para espantar a poeira e o tédio das estantes.
A Lua Vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz Sutil (1961) A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro Búlgaro (1964) sintetizam o melhor do humor iconoclasta de Carvalho, que está na galeria de nossos escritores fundamentais que abandonaram a escrita, ao lado, por exemplo, de Raduan Nassar. Como também no caso deste, a reedição de suas obras é motivo de celebração, e único modo de os leitores ficarem menos órfãos.
Os livros já haviam sido disponibilizados pela mesma editora, em 1995, quando pôs na praça o volume Obra Reunida. Com prefácio de Jorge Amado e introdução de Carlos Felipe Moisés, o tomo deixava de lado, a pedido do escritor, suas duas obras iniciais: Banda Forra, de ensaios humorísticos (1941), e Tribo, seu primeiro romance (1954), ambos renegados por Campos de Carvalho e encontráveis apenas em sebos.
De Campos de Carvalho a editora José Olympio também publicou, em 2006, o volume Cartas de viagem e outras crônicas, reunindo colaborações do autor para o Pasquim. As cartas foram escritas durante uma viagem de Carvalho à Europa, e endereçadas a ele próprio. Segundo texto de apresentação do escritor Antonio Prata, trata-se das “únicas palavras escritas por Campos de Carvalho no longo silêncio que se estendeu de 1964, ao colocar o ponto final no O Púcaro Búlgaro, até a hora de sua morte, na sexta-feira santa de 1998″. As últimas, como as demais, são imprescindíveis.
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