Revista Escrita está de volta em edição virtual
em 24/12/2010

A revista Escrita, editada pelo escritor e jornalista Wladyr Nader, foi um dos veículos fundamentais para o chamado boom da literatura brasileira na década de 1970. Em outubro de 2010, ela ganhou uma edição virtual, em formato de blog, que segue à risca sua proposta inaugural: abrir espaço para novos autores.

Publicada originalmente e de modo intermitente entre 1975 e 1988, a Escrita abrigou em suas páginas autores como Marcos Rey, Caio Fernando Abreu, Márcia Denser, Maria Amélia Mello e Deonísio da Silva, entre vários outros colaboradores assíduos.

Com tiragem de 10 mil exemplares e circulação nacional em bancas, a Escrita teve grande repercussão na imprensa, e durante 39 números publicou narrativas, poemas, entrevistas, ensaios e resenhas, sem privilegiar nenhum grupo ou tendência literária de modo exclusivo. Também promoveu concursos para revelar novos escritores, que mobilizaram grande número de participantes.

Sua versão impressa era publicada pela editora Vertente, responsável pela circulação de um importante catálogo literário, que incluia obras como A festa, de Ivan Ângelo, Os meninos, de Domingos Pellegrini, uma reedição de O louco do Cati, clássico de Dyonélio Machado, e traduções como a de O urso, de William Faulkner, por Hamilton Trevisan. Além dos volumes da série Escrita-Livro: Ficção Brasileira Hoje, coletânea de contos com as presenças de Osman Lins, Ivan Ângelo, Ricardo Ramos, Samuel Rawet, Moacyr Scliar e Gilberto Mansur, e Confissões de um comedor de ópio, de Thomas de Quincey, em edição com comentário de Charles Baudelaire.

Conforme o escritor Luiz Ruffato, desde seu lançamento a revista Escrita, graças à atuação de Wladyr Nader, era norteada por alguns princípios dignos de lembrança: “a visão do escritor como profissional (‘dar duro sobre a máquina de escrever, alinhavar as idéias de forma que no papel elas façam sentido para alguém’); a luta contra o obscurantismo (‘os livros incomodam porque transmitem idéias e as idéias, remotamente, podem mudar as coisas’); e a opção pelo pluralismo (‘nossas portas estão abertas a todos (…) nos colocamos contra todos os que, com hábeis combinações de vocábulos, apresentem fórmulas perfeitas de como as coisas devem ser’)”.

Ruffato publicou, no site do jornal Rascunho, quatro artigos sobre a importância da revista para a disseminação de novos autores e para o debate literário da época. E assevera: “Wladyr Nader já perdeu patrimônio pessoal para alimentar o sonho de abrir espaço para os novos. Foi assim naquela época e continua assim até hoje”.

Talvez por isso o aviso na entrada do blog, de que embora a nova roupagem da Escrita seja virtual, nada impede a retomada de uma edição impressa, “se se fizer necessária”.

  1. Desde seu registro, em dezembro de 2010, do surgimento, três meses antes, da escritablog.blogspot.com, que tinha o propósito de seguir a mesma linha de trabalho de sua antecessora, a extinta revista Escrita (1975-1988), sou agradecido ao Itaú Cultural, de coração, pela grande força que deu. Gostaria de que quem apreciasse leitura em geral, e literatura em particular,tivesse igual interesse.

    15.11.2012 | 08:19 Wladyr Nader

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