USP propõe criação de rede internacional de institutos de estudos brasileiros
em 10/12/2019

O Instituto de Estudos Brasileiros – IEB, da USP, propôs a criação da rede internacional de Centros e Institutos de Estudos Brasileiros (CIEB), por ocasião do II Congresso de Brasilianistas da Europa, reunido recentemente em Paris. A iniciativa é fruto do resultado de pesquisa de 2014, desenvolvida por Noortje Maria Minkhorst, com supervisão dos professores Marcos Antônio de Moraes e Monica Duarte Dantas. Esse trabalho resultou no levantamento da existência de mais de 200 instituições dedicadas a estudos brasileiros em 86 países, em vários continentes: América (Estados Unidos, Canadá, Chile, Panamá e Trinidad e Tobago), Europa (Áustria, República Tcheca, Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Polônia, Espanha, Suécia e Reino Unido), Oceania (Austrália e Nova Zelândia) e Ásia (China, Japão, Malásia, Filipinas, Israel e Tailândia), para citar alguns exemplos.

 

O caráter dessas instituições é bastante heterogêneo, entre departamentos de universidades, centros e institutos de estudos brasileiros. Alguns se dedicam tão somente ao ensino do Português como língua estrangeira, outros desenvolvem pesquisas sobre os mais diferentes temas relacionados com o Brasil. Outros, finalmente, possuem coleções de objetos e documentos – algumas bem extensas – e bibliotecas que congregam professores e alunos.

 

O IEB, fundado em 1962 por iniciativa de Sérgio Buarque de Hollanda, é um centro multidisciplinar de pesquisas e documentação sobre a história e as culturas do Brasil. Tem como desafio fundador a reflexão sobre a sociedade brasileira, envolvendo a articulação de diferentes áreas das humanidades. Com essa missão, a iniciativa de superar a fragmentação e dispersão internacional de estudos, pesquisas e ensino sobre o Brasil representa uma continuidade e a ampliação dos esforços da instituição uspiana.

 

Foto: Marcos Santos: Usp Imagens

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

 

O núcleo fundador da iniciativa, segundo o IEB, foi constituído por dirigentes do Instituto de Estudos Brasileiros – IEB, as atuais diretora e vice-diretora, Diana Vidal e Flávia Toni, e do antigo vice-diretor, Paulo Iumatti; diretores do Brazil Institute, King’s College (Inglaterra), Antony Pereira; do Centre de Recherche sur le Brésil Colonial et Contemporaine, EHESS (França), Jean Hebrard; do Global Institute, Jerry Davila, representando o Lemann Center for Brazilian Studies, University of Illinois (EUA); do Instituto Luso-brasileiro, Universidade de Colônia (Alemanha), Peter Schulze; do Lemann Center for Brazilian Studies, Columbia University (EUA), Gustavo Azenha; e a chefe do Departamento de Estudos Lusobrasileiros da Universidade Carolina de Praga (República Tcheca), Sarka Grauová, e a representante do Instituto Iberoamericano PK Berlim (Alemanha), Ricarda Musser”.

 

Alcançar os objetivos propostos não é tarefa fácil. A pesquisa de 2014, de Noortje Maria Minkhorst, pesquisou extensivamente pela internet e chegou a levantar os 226 contatos em 66 países. A partir dessa lista chegou-se à qualificação de 169 contatos de interesse. Mas, quando foram enviados questionários procurando detalhes sobre as atividades dessas instituições, apenas 60 responderam com informações que permitiram a construção de quadros mais detalhados para cada uma delas, por continente e país. O número não é desprezível, mas o índice de respostas mostra o quão árduo é o trabalho de coordenação e integração proposto, até mesmo para conhecimento mútuo dos respectivos alcances, recursos e atividades.

 

A proposta é ambiciosa, já que a rede pretende ser um centro agregador de investigações, superando as contingências das ações individuais e oferecendo condições sustentáveis à produção e promoção do conhecimento científico, por meio de suporte de média e longa duração “a projetos multi-institucionais de intercâmbio de alunos, docentes e servidores técnico-administrativos; à produção e disseminação de conhecimento em ciências humanas e sociais de e sobre o Brasil; à promoção conectada de eventos acadêmicos e de publicações científicas; à realização e circulação de exposições entre os países associados; à construção de plataformas integradas potencializando ações internacionais no âmbito das humanidades digitais; ao fomento à formação de novos pesquisadores por meio de workshops, summer schools e programas de pós-graduação com multidiplomação”, segundo as informações divulgadas pelo IEB no Jornal da USP.

 

Duas iniciativas já foram tomadas para dar corpo à coordenação. O professor Gustavo Azenha, da Columbia University, está empenhado na construção do site que fornecerá uma primeira plataforma de integração às instituições e, em outubro passado, houve uma reunião de bibliotecas especializadas, com a participação da Biblioteca do IEB e a Brasiliana Guita e José Midlin, com o objetivo de discutir possibilidades de compatibilização de bancos de dados e ações conjuntas de digitalização e disponibilização de acervos.

 

por Felipe Lindoso

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